Muitas-comunidades-ribeirinhas-isoladas-Amazonas_ACRIMA20120510_0042_18É antiga e todos nós conhecemos a história de que no Brasil alguns cursos, como o de Medicina, tem cor e classe social: brancos e ricos. Por outro lado, a população que mais precisa dos médicos também tem cor e classe social: pretos e pobres. E é nessa polarização que a conta não fecha. Mesmo que tivéssemos mais de três médicos por pessoa, dificilmente os médicos brancos e ricos do Brasil, formados nos cursos de nossas universidades iriam para cidades pequenas onde vivem pobres e negros.

O médico é diferente de um juiz, de um promotor. Este atende no gabinete, no tribunal, mantendo distância da população. Os médicos tem contato direto com a população, precisa cuidar de suas doenças, tratar de problemas que são comuns a todos os seres humanos das diferentes etnias e classes sociais, mas também nos lugares mais pobres precisam cuidar de doenças provocadas por situações insalubres, por ambientes revestidos de precariedade e de pobreza, que alguns não têm coragem de enfrentar. Por isso, mesmo com planos de carreira, médicos ricos ao contrário do que ocorre com advogados/juízes e promotores ricos, não iriam para postos de cidades pequenas, pobres e isoladas.

Mesmo com essa situação conhecida, essa realidade estava mascarada. O culpado da falta de médicos em cidades pequenas restringia-se à não prioridade do Governo para enfrentar esse problema e não à forma como a categoria dos médicos está organizada, o que prioriza e como e para que se forma.

A vinda dos médicos cubanos, com divulgação em grande escala no país colocou o Brasil Nu. O preconceito foi desnudado. A realidade cruel do racismo mascarada desde a abolição da escravidão veio à tona forte e destruidora como as fortes ondas de pororocas dos rios amazônicos.

Ao ficarem nus, alguns brasileiros profissionais da medicina (não todos) revelaram faces racistas, xenófobas e preconceito de classe. Junto com eles parte dos políticos e jornalistas conservadores e de direita se posicionaram de forma lamentável.

Para eles, o mais importante é garantir o nicho. Que se lixem os brasileiros pobres e de etnia predominantemente negra dos 700 municípios que não têm médico.
Esse desnudamento nos revela que no Brasil precisamos sim ofertar vagas de medicinas por regiões e para alunos de todas as classes sociais e etnias. Essa área tem que ser ocupada pelos brasileiros e não apenas por uma pequena parcela da elite.

Somente assim teremos médicos em todo nosso território, atendendo adequadamente a TODOS.

O Mais Médico pode ajudar muita gente a ter contato com esse profissional de medicina. Contudo para, além disso, ao desnudar o país poderá ajudar a construir mais democracia, justiça social e uma sociedade mais tolerante e aberta às diferenças sem desigualdades.

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Respostas de 6 a “O MAIS MÉDICO DESNUDA O RACISMO NO BRASIL!”

  1. Avatar de Flavio Azenha
    Flavio Azenha

    Gostei. Inteiramente de acordo.
    Azenha

  2. Avatar de Luiz B Paixão
    Luiz B Paixão

    Parabéns Diane Sousa. Você está certíssima em sua avaliação.

  3. Avatar de O MAIS MÉDICO DESNUDA O RACISMO NO BRASIL! | Blog do Mauro Alves da Silva

    […] Diane Sousa, em seu blog, sugerido pela Regina Cabral, no Facebook […]

  4. […] Diane Sousa, em seu blog, sugerido pela Regina Cabral, no Facebook […]

  5. Avatar de Nilton Sant Ana

    Os médicos brasileiros precisam rever seus valores. Ganhar dinheiro, em uma sociedade capitalista, não é errado; errado é tentar preservar uma reserva de mercado que priva populações do interior do Brasil de receberem assistência médica, por mais básica que seja. Manifestações de preconceito racial contra médicos cubanos são intoleráveis em uma sociedade multiétnica como a brasileira, mais injustificáveis ainda por partirem de profissionais que não querem abandonar o conforto dos seus consultórios, localizados nas grandes metrópoles, para clinicar nos lugarejos do Brasil onde há risco de contrair dengue, malária e hepatite. Os cursos de Medicina precisam revisar a disciplina Ética a fim de que os formandos tratem o Juramento de Hipócrates com mais seriedade. .

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